quinta-feira, 2 de junho de 2011

MAIOR BIODIVERSIDADE DO PLANETA - Professora Patrícia Maria



 

O Brasil possui a maior biodiversidade do mundo. De cerca 1,5 milhão de espécies catalogadas pelos cientistas, 13% estão espalhados pelos biomas brasileiros.








Aquarela de vidas Qual outro país abriga tão expressiva biodiversidade como o Brasil? A resposta, simples e direta: nenhum. Seis dos principais biomas de nosso território reúnem a maior variedade de fauna e flora da Terra. De acordo com os números do Ministério do Meio Ambiente, Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal Mato-Grossense e Pampas têm, juntos, mais de 13% de cerca de 1,5 milhão de espécies de vida selvagem já descobertas e catalogadas pelos cientistas nos quatro cantos do mundo. 
Trocando em miúdos: além das 55 mil plantas com sementes, são nada menos que 530 de mamíferos (mais de meia centena de primatas), 1,8 mil de aves, 800 de anfíbios, 680 de répteis e cerca de 3 mil de peixes. Isso sem levar em conta que apenas 10% da zoologia brasileira estimada é conhecida e estudada. Os mais respeitados pesquisadores internacionais calculam que estão sendo encontrados, a cada ano, perto de 1,5 mil novas espécies. Nesse ritmo, dizem eles, precisaremos de 800 mil anos para conhecer toda a nossa biodiversidade - claro, contanto que estancássemos o ritmo de devastação e extinção. Entre os grupos mais bem identificados e definidos de forma científica em nossa fauna estão os mamíferos e as aves. São os mais visíveis na mata, os mais comuns de estar em contato com o ser humano. Contudo, grande parte de pequenos animais que se escondem no alto das árvores, invertebrados e elementos que vivem nas águas da costa litorânea são ainda ilustres desconhecidos da comunidade científica. 
Essa riqueza de fauna deve-se aos múltiplos hábitats que ocupam o imenso território brasileiro, com sua geografia diversificada e clima que oscila do tropical ao semiárido. Todas essas características ajudaram a criar vários nichos ecológicos que favoreceram a formação das tantas espécies que temos. A teoria do respeitado biólogo evolucionista alemão Ernst Mayr - falecido em 2005 aos quase 101 anos de idade -, obstinado seguidor do evolucionismo de Charles Darwin, ajuda a entender melhor e até confirmar esse complexo mecanismo de vida no Brasil. Mayr costumava definir vegetais ou animais como um conjunto de organismos que se cruza entre si dentro de grupos semelhantes em nichos ecológicos isolados. 
Além da riqueza vegetal, esse cenário apresenta números impressionantes de vida animal. Exemplo: nas águas da bacia Amazônica vive a maior variedade de peixes da América do Sul, mais de 1,3 mil espécies distintas, quantidade bastante superior à verificada em todas as demais bacias hidrográficas de qualquer parte do globo terrestre. Somente ao longo do caudaloso e ácido rio Negro foram catalogados cerca de 450 tipos diferentes. É uma abundância quase inacreditável. De leste a oeste da Europa não se encontram mais que 200. Isso sem levar em consideração a estimativa de que 40% dos peixes nos rios amazônicos nem sequer foram descobertas e descritas pelos pesquisadores. 
Na Amazônia brasileira estão também 300 dos 6 mil répteis conhecidas no planeta. As cobras são mais da metade, seguidas de perto pelos lagartos. Assim como os anfíbios, a variedade dessa categoria da fauna amazônica também tem sido subestimada. Os estudiosos do Emílio Goeldi pressupõem que ainda é bem pequena a quantidade de informações acerca do ambiente e da distribuição das espécies, bem como de suas características biológicas e de reprodução. As aves, ao contrário, são as que ganharam maior atenção de biólogos e demais pesquisadores da biodiversidade do bioma. Ultrapassam mais de mil os seres conhecidos na floresta, dentre as cerca de 9,7 mil já verificadas no mundo. Os mais vistos são os psitacídeos, como araras, papagaios e periquitos, além de tucanos, inhambus e mutuns. Desse milhar, pouco menos de 290 são raríssimas e circunscritas a territórios bastante restritos. Das 141 de morcegos descritos no Brasil, 125 voam na região. Com 30 milhões de variedade, os insetos formam o maior grupo de seres vivos na Terra, sem levar em conta bactérias e microrganismos. Na Amazônia está um terço deles.

Diante dos números superlativos da fauna brasileira, como proteger e preservar tanta vida, em que muitos bichos conhecidos estão já em vias de desaparecimento, principalmente em decorrência da consequências nefastas da devastação de seus hábitats? Na mais recente edição do Livro Vermelho das Espécies da Fauna Brasileira em Extinção, publicado em 2008 pelo Ministério do Meio Ambiente, 627 animais da fauna brasileira são reconhecidas pela comunidade científica e pelas autoridades governamentais brasileiras como ameaçadas de extinção. A resposta, mais uma vez, é simples e direta: "Para preservar a biodiversidade, o mais importante é a criação e a manutenção de unidades de conservação. Lutei muito para ajudar nisso", garante o ambientalista Paulo Nogueira-Neto, discípulo dos ensinamentos de Ernst Mayr. Nogueira-neto é um dos principais artífices na luta pela proteção desses remanescentes florestais no Brasil. Os mesmos onde pesquisadores do mundo inteiro têm a oportunidade de descobrir e estudar novos bichos do Brasil.

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